quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Conceitos de radiacao

O perigo pode estar ali na esquina

A radiação atômica destrói a medula óssea, provoca feridas mortais no estômago e deforma fetos humanos. E, pior ainda, é invisível. Ela se esconde no lixo produzido em hospitais, está nos depósitos de ferro-velho e até no inocente aparelho de raios-X naquele consultório dentário da sua rua

De que a explosão de uma bomba atômica tem conseqüências catastróficas ninguém duvida. Afinal, seus efeitos se fazem sentir até 20 anos depois. O que poucos sabem, ou já esqueceram, são os prejuízos potenciais de coisas bem pequenas, como agulhas e tubos, usados nas clínicas e hospitais com a nobre finalidade da radioterapia. O descarte sem cautela desses materiais deixa expostas à radiação as pessoas que passam pelo local e o mal pode se propagar rapidamente pela vizinhança.

Estamos sujeitos diariamente à radiação natural, proveniente de raios cósmicos ou de sais presentes na água e nos alimentos que ingerimos. São sais que contêm alguns isótopos radioativos de elementos como o potássio e o iodo. Elementos naturalmente radioativos, como o urânio e o plutônio das bombas e reatores nucleares, ou o césio e o cobalto utilizados nos aparelhos de terapia do câncer, também emitem o mesmo tipo de radiação. Só que, sem as devidas precauções, podem ter conseqüências devastadoras. Com a reportagem de VEJA e o plano de aula a seguir, elaborado por Walmir Thomazi Cardoso, professor de Física da PUC-SP, proponha uma tarefa interdisciplinar para alertar os estudantes e a comunidade sobre os cuidados necessários quando estão em jogo mesmo as radiações mais comuns, como os raios-X.

Questão de dose

As radiações podem penetrar na matéria e ionizá-la, ou seja, remover elétrons dos seus átomos e moléculas, e alterar seu comportamento químico. Formadas de átomos e moléculas, as células sujeitas à radiação podem modificar-se, daí resultando sérios distúrbios no organismo. Os efeitos podem ser quase imediatos ou tardios, conforme a dose (quantidade de radiação) recebida e o tipo de exposição. As células jovens e as que se reproduzem intensamente são as mais sensíveis.

A unidade mais usada para medir o efeito da radiação é o rem. Para se ter uma idéia, absorvemos da natureza cerca de 0,2 rem por ano. Entretanto, podemos receber radiações de até 10 rem e não apresentarmos mudanças nem externas, nem observáveis ao microscópio. Entre 10 e 100 rem percebem-se alterações sangüíneas. De 100 a 200 rem ocorrem cefaléia, náusea, vômito, queda de cabelos e redução de glóbulos brancos, que provoca baixa do sistema de imunidade do organismo. Mas a recuperação é possível em algumas semanas.

Doses superiores a 200 rem costumam ser fatais porque destróem as células da medula óssea, onde se produzem os glóbulos brancos e vermelhos e as plaquetas sangüíneas. A solução, no caso, pode ser um transplante de medula.

Acima de 1000 rem, a morte pode sobrevir por lesões no sistema gastrointestinal e, em conseqüência, diarréias incontroláveis, vômitos e náuseas.

Uma pessoa que recebesse doses superiores a 10000 rem apresentaria lesões no Sistema Nervoso Central e morreria em poucas horas.

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